Leitura
e Escrita segundo Emília Ferreiro
Para Emília Ferreiro [1986]
o desenvolvimento da leitura e da escrita começa muito antes da escolarização.
Desde que nascemos somos construtores de conhecimento, no esforço de
compreendermos o mundo que nos rodeia. Levantamos problemas muito difíceis e
abstratos e procuramos descobrir respostas para eles. Construímos objetos
complexos de conhecimento, e o sistema de escrita é um desses objetos complexos que
construímos. A autora estabelece duas distinções:
1. Problema
epistemológico fundamental - que estabelece uma distinção entre a construção
de um objeto de conhecimento
e a maneira pela qual fragmentos de informação são ou não incorporada como
conhecimento. As crianças do meio urbano estão em contato com o material
escrito e com ações sociais vinculadas a esse tipo de material. Ela afirma que
“a construção de um objeto de
conhecimento implica muito mais que mera coleção de informações. Implica a
construção de um esquema
conceitual que permite interpretar dados prévios e novos dados (isto é, que
possa receber informação e transformá-la em conhecimento)...”.
2. Distinção entre
métodos ou procedimentos de ensino e o processo de aprendizagem – A autora vai
afirmar que “há uma série de passos ordenados antes que a criança compreenda a
natureza de nosso sistema alfabético de escrita e que cada passo caracteriza-se
por esquemas conceituais específicos, cujo desenvolvimento e transformação
constituem nosso principal objeto de estudo”. “... as crianças levam em conta
parte da informação dada, e introduzem sempre, ao mesmo tempo, algo de pessoal”.
É um processo construtivo,
daí ser difícil julgar o nível conceitual de uma criança, considerando
unicamente os resultados, sem levar em conta o processo de construção. Só a
consideração conjunta do resultado e do processo permite-nos estabelecer
interpretações significativas.